Haruki Murakami
Julho 29, 2019
fio de beque
foi um feliz encontro por acaso. um amigo falou-me da sua leitura do “Crónica de um Pássaro de Corda” e, curiosa pelo seu relato, fui comprar o livro. e depois muitas outras leituras se seguiram.
a sua escrita faz-me lembrar José Saramago. não pela forma de redação, que é muito diversa, mas pela capacidade de, a partir de estórias quotidianas e banais, desconstruir factos e reconstruir relatos magistralmente surpreendentes, num mundo de fantasia deslumbrante.
é assim a escrita deste japonês muito premiado, traduzido para várias línguas e considerado um dos melhores escritores contemporâneos. não que seja essa a razão porque aprecio e me envolvo no poder das palavras dos seus romances desconcertantes e, a partir de determinado percurso de leitura, agradavelmente consistentes com a sua perspetiva de que somos (ou podemos ser) muito mais do que pensamos ser.
levo a sua escrita para férias. desta vez “A Morte do Comendador” e “Ouve a Canção do Vento”, a par do português João Tordo com “A mulher que correu atrás do vento” serão o meu acesso ao portal para romper com o quotidiano entediante e pisar o universo plural onde a realidade se mistura com o que é possível acontecer e onde o impossível pode acontecer.
para terminar, quando regressar, tenho à minha espera “Autobiografia” de José Luís Peixoto, diz a crítica que a “brincar” com as personagens de Saramago. tenho reservas, mas não objeção de consciência, quanto às tatuagens que supostamente fez com elas.